A cidade anoiteceu no dia 24 de outubro com a notícia da
intervenção judicial na Santa Casa de Cambé. Na tarde do mesmo dia, por volta
das 14 horas, pessoas escaladas pela promotora Adriana Lino estiveram no
hospital e informaram os membros da Diretoria e do Conselho Administrativo de
sua destituição. Quem presenciou, relatou que o momento foi tenso e houve
acusações feitas pela ex-diretora da Santa Casa, Izabel da Silva, dirigida à
pessoas dos dois Conselhos Provisórios nomeados judicialmente a pedido do
Ministério Público.
Em
primeiro lugar temos que ressaltar a importante atuação do Ministério Público
neste caso, acompanhado pelo Judiciário. A promotora Adriana Lino, convencida
de que a Santa Casa precisava ser saneada, preparou ação requerendo a
intervenção judicial e o juiz Ricardo Luiz Gorla acatou o pedido, a bem da
prestação dos serviços de saúde pública e em defesa da sociedade.
Nesta
edição publicamos matéria com a promotora Adriana Lino, onde ela revela que os
indícios encontrados já justificaram a intervenção. A imprensa, neste momento,
não tem acesso às informações da investigação, já que o processo corre em
segredo de justiça, mas relatos informais de funcionários e ex-funcionários dão
conta de que há muito mesmo a ser investigado e mais ainda a ser esclarecido.
Afinal, a população de Cambé, legítima dona do hospital, merece respeito,
para parafrasear o título de matéria distribuída pela Santa Casa logo após este
CAMBÉ DE FATO ter publicado denúncias de que irregularidades ocorriam no
hospital.
Aliás,
só para registrar, o CAMBÉ DE FATO foi o único jornal a publicar denúncias de
pagamento dobrado de plantões feitos no mesmo horário por um médico da Santa
Casa e também o único jornal a publicar a suspensão do atendimento a gestantes,
ocorrido no início de setembro.
O
intuito deste jornal é, e sempre foi, defender a comunidade, principalmente
aquela que mais necessita, dos eventuais desmandos de quem administra
estruturas que prestam serviços públicos, como é o caso da Santa Casa de Cambé.
Por
esta postura, fomos violentamente atacados por pessoas, grupos políticos e até
por autoridades eleitas pelo povo e outras escolhidas por Deus. Algumas, a nosso ver, não cumpriram seu papel
de fiscalizar o funcionamento e a utilização dos recursos públicos pela direção
da Santa Casa.
E
neste sentido cabe uma reflexão: pode a “comunhão de interesse de poucos
(eleitos e não eleitos)” falar mais alto do que as necessidades do povo?
Há
honrosas excessões. Entre os eleitos, destacamos o prefeito João Pavinato, que
na semana seguinte a eleição defendeu publicamente a intervenção judicial na
Santa Casa de Cambé. Destacamos também que diversos vereadores defenderam a apuração das denúncias
veiculadas pelo CAMBÉ DE FATO e pediram a instalação de CPI para investigar a
utilização de dinheiro público na Santa Casa de Cambé.
Por
sua vez, a mesa diretora da Câmara de Vereadores silenciou, numa clara
demonstração de que tem ‘ética seletiva’, pois arquivou o pedido de CPI para
investigar a Santa Casa. Os membros da mesa diretora estão a explicar, já há
bastante tempo, que a CPI não prosperou por ‘falta de interesse’ dos demais
vereadores. Explicações de quem deveria ter agido em defesa da sociedade e não
o fez. E isto passará para a história e pesará no currículo de alguns.
A
reflexão também deve ser estendida para a imprensa da cidade, que tem pelo
menos seis jornais impressos periódicos. Dos seis, quatro ao menos se
posicionaram em defesa da diretoria anterior da Santa Casa, publicando,
inclusive, texto tentando desclassificar as denúncias do CAMBÉ DE FATO. O que estes jornais dizem agora? Nada.
Alguns, publicaram candidamente a notícia da intervenção, como se fora fruto do
nada, do acaso. Outros, silenciam simplesmente. A quem serviram estes jornais?
Ao povo de Cambé ou ao ‘compadrio de poucos’ que tinha interesses
diretos e indiretos em manter a direção anterior da Santa Casa?
Mas,
mais que acusar alguns por sua prejudicial inércia ou outros por ficar ao lado
de gente que já havia provado sua falta de compromisso com a população,
queremos dizer ao público que nos sentimos em paz, acreditando honestamente que
cumprimos nosso papel. Sem orgulho, prepotência ou arrogância. Apenas cumprimos
o nosso papel de imprensa livre, comprometida com a verdade e com o interesse
da população. Esta nossa postura, aliás, nos custou pelo menos quatro processos
judiciais, movidos por uma determinada coligação eleitoral durante a eleição,
mas valeu a pena.
Por
outro lado, reafirmamos nossa crença de que a intervenção deva acontecer de
forma a proteger os interesses do povo e da cidade, mudando definitivamente os
protagonistas na direção da Santa Casa de Cambé. Defendemos, inclusive, que os
membros da antiga diretoria e dos conselhos não devam mais ter cargos na Santa
Casa. Alguns por que levaram a Santa Casa a esta situação caótica, e outros,
embora sejam pessoas respeitáveis, por que nunca perceberam os desmandos que
ocorriam no hospital.
Depois
de cessada a intervenção, a Santa Casa de Cambé precisará de uma nova diretoria
séria, honesta a toda prova e com total comprometimento com a sociedade.
Ousamos dizer que o melhor mesmo para a Santa Casa e para a população seria sua
transformação definitiva em hospital público, gerido pelo governo do Estado, a
exemplo do que acontece em hospitais de todo o Paraná.
Ao
mesmo tempo, é necessário que todos os possíveis desvios de conduta e crimes que
possam ter sido praticados pela diretoria anterior, por médicos e/ou
funcionários da Santa Casa de Cambé devam ser profundamente investigados para
esclarecer a verdade dos fatos, respeitado o amplo direito de defesa e o devido
processo legal.
A
sociedade de Cambé tem o direito de saber, com brevidade, o que acontecia
dentro das paredes da Santa Casa e se, por algum motivo, o dinheiro público lá
injetado era utilizado de forma indevida. Se o foi, os responsáveis precisam
ser punidos na forma da Lei e a sociedade informada dos fatos, afinal, vivemos
a Era da Transparência na vida pública.
De
nossa parte, renovamos nosso compromisso em continuar acompanhando tudo o que
acontece na Santa Casa de Cambé e também em outras instituições que prestam
serviço ao público, principalmente aquelas movidas por dinheiro do povo.
Estamos observando atentamente e registrando, na medida do possível, os passos
da interventora e seu colegiado.
Ao
mesmo tempo, se formos convocados, cerraremos fileiras com as forças vivas da sociedade
para ajudar no que for preciso para renovar verdadeiramente o hospital, de
forma a garantir que o dinheiro público seja bem aplicado e que o povo de Cambé
e da região tenha bom atendimento hospitalar, como precisa e tem direito.
Respeitamos
pensamentos divergentes, mas esta é a nossa opinião.
Um
grande abraço a todos.
Luiz
Cesar Lazari
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