Intervenção
encontra irregularidades
na gestão da Santa
Casa de Cambé
"O
que foi levantado já justifica a intervenção e a liminar”. Com esta frase a
promotora de Justiça Adriana Lino respondeu a indagação de repórteres sobre o
que já havia sido encontrado na investigação que está em andamento na Santa
Casa de Cambé, depois que o hospital sofreu intervenção judicial, a pedido da
promotora.
Entenda
o caso
- “O procedimento (no MP) teve início em 16 de novembro de 2009 e foi motivado
por denúncias da população, como mal
atendimento e falta de cortesia”, explica Adriana Lino, revelando que já há
quase três anos a administração do hospital era investigada e chamada a dar
esclarecimentos. “Encontramos dificuldade para fiscalizar a administração
anterior. Era uma caixa-preta”, pontua a promotora. “Fiz uma recomendação para
que se abrisse o quadro associativo. Abriram, mas muito pouco”, diz Adriana, se referindo a entidade que
administra o hospital e que tem pouco mais de 20 sócios. “Queremos mais pessoas
no quadro associativo da Santa Casa”, avisa Adriana Lino, lembrando que os
diretores afastados não devem fazer parte da diretoria que será eleita após o
término da intervenção. “Não vejo possibilidade da volta destas pessoas por que
já foram levantadas irregularidades”.
Como
fica o hospital
- Segundo a promotora Adriana Lino a intervenção não tem data para acabar e
neste período, a Santa Casa de Cambé
será saneada. “A intervenção não tem prazo para finalizar. Queremos apurar as
denúncias com mais profundidade”, declarou ela. “A Santa Casa tem condições de
prestar serviços melhores. Quando todas as irregularidades estiverem saneadas e
o hospital prestando serviços de forma satisfatória, então cessa-se a
intervenção”, afirmou a promotora de Justiça.
Neste
período a administração da Santa Casa de Cambé está sendo realizada por uma
interventora nomeada pelo juiz Ricardo Gorla, a pedido do Ministério Público.
“A interventora já trabalhou no Cismepar e conjuntamente com as Comissões Deliberativa e Consultiva
está cuidando da Santa Casa”, revelou Adriana Lino.
A
interventora nomeada é a psicóloga Maria das Mercês de Matos Peixoto da Silva.
Já a Comissão Deliberativa é composta pela médica Djamedes Garrido (chefe da
17a. Regional de Saúde), representando o Governo do Estado; Alessandra Garcia
Gonzales Vaz (secretária municipal de Saúde), representando o Município e o contabilista Carlos Alberto Correa Rocha,
representando a sociedade. Na Comissão Consultiva, foram nomeados a
farmacêutica Maria Celia Rodrigues Greghi, o advogado Aristides Rodrigues
Rodrigues e o pastor Nilson Maciel, este último, presidente do Conselho
Municipal de Saúde. Todos os membros das duas comissões vão prestar trabalho
voluntário para a Justiça.
Papel
do Município e do Estado - Para a promotora de Cambé, os convênios de repasse de
recursos, do governo do Estado e da Prefeitura de Cambé estão dentro da
normalidade. “Todos os convênios, a nível estadual e municipal, são feitos de
forma regular”, disse a promotora, falando sobre o papel de cada ente
federativo. “O Município não tem obrigação de encampar a Santa Casa. O que a
Prefeitura faz é repassar um auxílio mensal. Já o Estado repassa recursos em
função de todo o atendimento do SUS”, diz Lino, completando: “fica difícil
Santa Casa sobreviver somente com
recursos públicos e os poucos recursos privados. Faltam recursos que poderiam
ajudar, como as doações”.
Investigação
prossegue
- Ao mesmo tempo que administram o hospital, as comissões e a interventora têm
também a missão de investigar e levantar todas as denúncias já feitas contra a
administração anterior da Santa Casa. “Não posso dar detalhes por que o
processo corre em segredo de justiça, mas posso dizer que já foi apurada
má-gestão que implica em ilícitos civis e criminais”, disse a promotora.
Adriana Lino revela que a investigação está sendo feita com profundidade. “Tudo
será apurado. Principalmente onde foram aplicados os recursos públicos na Santa
Casa”, finaliza a promotora de Cambé.
Quatro funcionários graduados do setor
administrativo já teriam sido
demitidos
Segundo
funcionários que pediram anonimato, a nova administração da Santa Casa já teria
demitido pelo menos quatro funcionários graduados do setor administrativo.
Segundo a mesma fonte, dois deles têm ligações estreitas com a ex-diretora
Izabel da Silva. Também circulam boatos de que as demissões da área
administrativa podem continuar nas próximas semanas.
O CAMBÉ DE FATO procurou a administração do hospital para
se confirmar ou não as demissões e a sua motivação. A direção do hospital,
através de sua assessoria de imprensa informou que não poderia comentar o
assunto alegando “segredo de justiça”
mas também não desmentiu as demissões.
Falha na escala e atendimento sobrecarregado são problemas a serem
resolvidos, diz diretor
técnico da Santa Casa
De
acordo com o médico Rogério Sakuma, diretor técnico da Santa Casa de Cambé, o
hospital está passando por um momento de transição, onde a nova administração
organiza os serviços prestados pelo hospital. O médico aponta que as Unidades
Básicas de Saúde são fundamentais na Saúde Pública, porém a população tem
procurado a Santa Casa para atendimentos primários. “O atendimento está
sobrecarregado em função de um fluxo inadequado de atendimento. Talvez por
falta de orientação para a população. A finalidade de atendimento de um
hospital é atendimento secundário, como acidentes de trânsito, esfaqueados,
enfartados, acidente vascular cerebral, baleados, entre outros. São situações
mais complexas, deixando para as Unidades Básicas de Saúde, casos de menor
gravidade, atendimentos e realização de exames eletivos. A grande maioria dos
atendimentos que realizamos são consultas eletivas, ou seja, que poderiam ser
realizados nos postos de saúde”, afirma Sakuma.
“Os
casos que não são graves dão sintoma prévio, como uma dor no peito por esforço
físico ou dor lombar crônica, primeiramente devem ser atendidos nos postos de
saúde. Havendo a necessidade, o posto encaminha para a especialidade competente
e deixa para o atendimento hospitalar os casos realmente graves. Grande parte
dos casos são regulados, ou seja, encaminhados pela ambulância, via SAMU ou
SIATE”, alega Sakuma.
O diretor ainda ressalta que os atendimentos estão sendo
realizados, “porém há casos em que são regulados, como mulheres que vem até o
hospital para fazer o teste de gravidez. Se hoje tenho uma sobrecarga de
atendimento desnecessário, com a regulação e melhoria de fluxo poderemos
oferecer um melhor atendimento à população. Essa mudança será a médio prazo,
até porque temos várias correções que devem ser feitas, como falha de escala,
por exemplo. É um ponto de partida”.
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