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quinta-feira, 21 de julho de 2011

Trabalho voltado para a saúde do homem é referência

Do CAMBÉ DE FATO:


Marcelo Silva, responsável pela Unidade de Saúde 24 Horas, fala ao grupo de participantes do Clube Azul: “Nosso trabalho é tentar mostrar para os homens que algumas barreiras têm que ser deixadas de lado, e que o mais importante é cuidar da saúde”.


Incentivar o homem a cuidar cada vez mais da sua saúde, facilitar e ampliar o atendimento é o grande objetivo de um programa desenvolvido em Cambé. O Clube Azul, como é chamado, é desenvolvido junto ao público masculino no Posto de Saúde 24 horas todas as terças-feiras a noite. A iniciativa tem como foco principal estimular os homens a terem mais atenção com a sua saúde e assim prevenir doenças. Com os grupos são realizados de oito a dez encontros, e atualmente são cerca de 40 homens com idades entre 17 e 70 anos que participam. Os integrantes assistem a palestras sobre sexualidade e DSTs (Doenças Sexualmente Transmissíveis), câncer de próstata, saúde bucal e doenças relacionadas ao tabagismo. Além disso, também recebem dicas importantes de como se prevenir diariamente no trabalho e também no trânsito, esse que é o segundo fator que mais mata no Brasil, ficando somente atrás das mortes relacionadas a problemas cardíacos. O trabalho do Clube Azul é incentivar o público masculino a procurar um médico com mais frequencia com a finalidade de prevenir doenças que, se diagnosticadas com antecedência tem uma chance maior de serem tratadas com sucesso, evitando assim um maior sofrimento físico e emocional do paciente e de seus familiares.
A iniciativa de fazer esse trabalho com homens faz parte da Política Nacional da Saúde do Homem, que é uma ação do governo Federal que teve início em agosto de 2009. Vale ressaltar que a responsabilidade em desenvolver o trabalho e oferecer atendimento cabe aos municípios. Em Cambé, o responsável pelo trabalho é o enfermeiro e coordenador da Unidade 24h, Marcelo Silva. Para ele, o preconceito, as barreiras culturais e a falta de tempo ainda são os grandes responsáveis pela baixa procura aos postos de saúde. “O homem geralmente procura o médico quando já está com o problema. Isso às vezes dificulta e encarece o tratamento oferecido pelo SUS (Sistema único de Saúde), pois em alguns casos ele tem que ser encaminhado com urgência para um especialista”, diz Marcelo.

Falta de hábito - Marcelo Silva explica que o comportamento do homem é bem diferente do público feminino, que desde a adolescência são levadas pela mãe ao ginecologista. No caso dos meninos, depois que passam da fase de ir ao pediatra, só procuram o médico quando estão doentes. “Nosso trabalho é tentar mostrar para os homens que algumas barreiras têm que ser deixadas de lado, e que o mais importante é cuidar da saúde. Nosso objetivo e cada vez mais é abrir as portas para que eles se sintam mais à vontade para procurar um posto de saúde”, explica ele. Ainda segundo o coordenador, o programa que começou a ser colocado em prática em março de 2010, tem tido um grande número de participantes e o resultado já pode ser visto.
O dentista João Fernando Balan, que atua na Unidade 24h, compartilha da mesma opinião. De acordo com ele, os homens ainda têm um pensamento machista, o que dificulta um pouco o acesso aos postos de saúde. No entanto, ele acredita que essa barreira, aos poucos está sendo abandonada. Isso pode ser constatado entre os participantes. O jovem, Vinicius Balestra, de 17 anos, conheceu o grupo através do pai e do avô, que também participam dos encontros. “É muito importante esse trabalho realizado junto aos homens. Aqui nós temos informações importantes para buscar a prevenção. Muitas vezes atitudes simples que as pessoas desconhecem podem fazer a diferença em relação à nossa saúde”, comenta ele. Outro participante do Clube Azul é Vitor Paulo de Oliveira. Ele teve conhecimento do projeto através de uma visita a Unidade de Saúde do Cambé 2. “Acredito que os homens vão pouco ao médico devido a falta de tempo e outros que, por se sentirem bem fisicamente acham que não é necessário visitar o médico”, disse Oliveira. Para ser ter uma idéia de como o homem é mais acomodado em relação à prevenção de doenças, de acordo com dados do Ministério da Saúde, hoje no Brasil, cerca de 53% dos internamentos são de pessoas do sexo masculino. Em relação ao total de óbitos na faixa etária de 20 a 59 anos, 68% são de homens. Outro dado assustador é que, um em cada 18 homens tem câncer de próstata, uma doença com 80% de chance de cura se detectada no início.
Além disso, observa-se o agravante das DSTs que, algumas se não cuidadas a tempo podem causar câncer no pênis e no ânus. Para o coordenador do Centro de Testagem e Aconselhamento de DST/HIV/AIDS (CTA), da Secretaria de Saúde de  Cambé, Robson Renato Rodrigues, os homens mesmo tendo muitas dúvidas em relação às doenças relacionadas ao sexo, têm vergonha em saber mais sobre o assunto e procurar tratamento quando apresentam algum problema. “Durante os encontros que realizamos, nós percebemos a quantidade de dúvidas, algumas até bem simples, mas que eles ainda não sabem se é apenas um mito ou verdade”, disse. “A orientação que  passamos é que se a pessoa apresentar alguma lesão genital deve procurar um médico o mais rápido possível para evitar conseqüências mais graves”, alerta o coordenador.
(Reportagem e foto de Fábio Bortoleto)

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