Powered By Blogger

domingo, 1 de novembro de 2009

O tempo e a grana

Quando éramos jovens e despreocupados com os rumos que a vida levaria (ou para onde ela nos levaria), queríamos 'fazer cultura', escrever poemas, montar peças e recitais, imprimir revistinhas, livros, pintar quadros e expor (ou nao), reunir-se nos 'bares da vida' para beber e discutir poesia, literatura. Sentar no 'piniquinho do CCH' e cantar Vandré com alguém dedilhando um violao. Veio o tempo e ficamos um pouco mais velhos. Terminamos a universidade ou simplesmente casamos e sentimos a barra de ter que sustentar uma casa. 'Poesia nao enche barriga' dizia meu pai. Eu, que antes retrucava, naquele tempo me submetia. O sistema estava vencendo. Empregos, salários, grana. Veio a grana, ou a falta dela e suas incontáveis aplicaçoes. A veia poética ficou mais seca diante de tanto pragmatismo. Veio o emprego público e, ora vivas!, na área da cultura. Podiamos fazer o que sonharamos. Escolas de bairro para ensinar poesia, música, dança, teatro. Expandir os horizontes de quem 'faz' cultura. Hoje, depois de quase 30 anos nesta estrada, sinto a situaçao de maneira ambigua. De um lado, a vontade de produzir, realizar, tao inerente a aqueles que vivem criando o tempo todo, ainda que nao de maneira organizada ou reconhecida. De outro, vejo muitos que ainda nao conseguiram a estabilidade financeira, ralando para conseguir trabalhar no segmento que os escolheu (por que a escolha, acreditem, nao é nossa, é da arte). Gente que tem talento e vontade de trabalhar, mas que nao encontra boas propostas e muito menos salários dignos o suficiente para deixar a cabeça voltada para a criaçao. No outro extremo, uma populaçao inteira de gente vivendo 'sem arte'. Crianças, jovens e adultos que podem ser protagonistas de histórias maravilhosas, esperando que alguem os descubra e lhes de uma oportunidade de inserçao no movimento cultural. Penso que qualquer politica cultural que nao prever mecanismos coerentes, sensatos e aplicáveis para estas tres situaçoes é simplesmente um embuste, ou, com muito boa vontade, um equívoco. Os produtores de arte, estabilizados ou nao; os trabalhadores da cultura e o público em geral têm que ser os protagonistas de uma nova ordem na cultura, que beneficie a todos, guardando as diferenças e maximizando os recursos. E nunca esquecendo que o povo é a razao da existência de qualquer governo.É a minha opiniao, sujeita a críticas.
ps. vocês já perceberam que o til do meu teclado nao funciona mais, né?

Nenhum comentário:

Postar um comentário